Maykel Marinho Calais de Araújo, 31 anos, é uma daquelas pessoas que quando conversamos, temos certeza de que ele gosta do que faz. Ele é técnico em elétrica e iluminação cênica. Mas esta história começa em 2012, quando ele era recém formado como técnico em eletrônica e estava desempregado. Já tinha um tempo, havia se interessado por uma oficina de iluminação, oferecida pelo Galpão Cine Horto. Quando foi buscar mais informações, descobriu que estava no segundo módulo e para entrar, precisaria ter feito o primeiro. Viram que o rapaz estava realmente interessado em aprender mais sobre iluminação cênica e indicaram que procurassem Wladimir Medeiros, respeitado técnico e professor na área de cenotécnica.

Rapidinho, Maykel já havia se encontrado com Wladimir e sabia que uma oficina estava para começar próxima à sua casa, no Alto Vera Cruz. “Nas oficinas da NUTAC, eu pude assimilar a parte cênica, da iluminação cênica, que eu associei com a elétrica, da minha formação técnica. A gente fez um fechamento da oficina em uma aula prática no Teatro Alterosa. Foi uma dinâmica bacana, de montar uma luz na prática. A gente montou também lá no espaço das aulas, mas não era uma estrutura de teatro”, contou Maykel ao se lembrar do início de sua história com a Nutac.

Adquirido o conhecimento nas oficinas, Maykel começou a ser chamado para trabalhar com seus professores, agregando também seu conhecimento em elétrica. “Com o Wladimir, acompanhei diversos trabalhos, como montagens do Grupo Galpão e do show da Stacey Kent, entre outras, em importantes teatros da capital, como Sesc Palladium e Palácio das Artes”, relembrou. As oportunidades de trabalho na área o levaram a voltar para outras oficinas na Nutac, para aprender mais e também começou a contribuir com a parte de elétrica básica. “Assim, no segundo semestre de 2013 começou a minha parceria com a Nutac, como assistente do professor José Maria Amorim. Depois, ministrei o módulo de eletricidade básica nas oficinas do projeto Gandarela, no primeiro semestre de 2014”, comentou Maykel.

Nessa época, Wladimir foi convidado para fazer a montagem do caminhão-museu Sentimentos da Terra, fruto de uma parceria entre o arquiteto Gringo Cardia e a UFMG. Maykel conta que a montagem foi muito complexa e graças ao bom desempenho nas oficinas foi convidado para fazer parte da equipe do caminhão, “Um fato interessante desse trabalho, é que os alunos da UFMG que trabalhavam como monitores do conteúdo sobre reforma agrária também teriam que aprender a fazer a montagem, como os técnicos de montagem teriam que ter algum domínio do conteúdo do caminhão.” que se lembrou com alegria deste trabalho.

Maykel conta que o Nutac também contribui na formação cultural dos jovens, pois além de ter aulas de história do teatro, é uma forma de ter contato como teatro por dentro, o que, segundo ele, é muito interessante. “Na minha turma, por exemplo, tinha um grupo de jovens que fazem espetáculos de teatro e música na igreja. Após conhecerem equipamentos de luz profissionais e como utilizá-los, viram como poderiam melhorar o trabalho artístico que fazem na igreja com os equipamentos que tinham disponíveis”, falou Maykel orgulhoso de ver seu trabalho dando frutos.

Maykel afirma que a Nutac é muito importante, pois leva o conhecimento técnico em artes cênicas para locais onde não tem oferta de cursos nestas áreas, e assim, forma novos profissionais e também profissionaliza o amador. “Todos os professores do Nutac são profissionais reconhecidos na área e a todas as aulas são de muita troca e também muita prática. Você tem a oportunidade de ir a teatros e ver como os bastidores acontecem. A gente se interessa só por aquilo que conhece né? Um jovem jamais vai se interessar por uma carreira que ele não conhece. O legal da Nutac é isso, essa oportunidade de você aprender e colocar em prática uma nova profissão.