Espaço Físico e Identidade

22/05/2015

As pessoas que me conhecem, costumam deparar com textos do Mia Couto e dizer “esse texto é a sua cara”. É uma frase que reflete a imagem que o outro tem da gente. A partir de nossas atitudes e aparência, as pessoas criam para cada um de nós uma identidade.

Se queremos alcançar a excelência em nosso atendimento, precisamos começar pela entrada de nossa Organização.  A porta/portão revela o que vamos encontrar. Muros altos, com arame em cima e cerca elétrica já diz do medo que temos de estar naquela comunidade; um portão fechado a cadeado revela que estão presos por dentro e por fora, pois um não pode sair e o outro não pode entrar; uma placa de boas vindas, uma frase bonita, um banner bem produzido revela que ali as pessoas serão acolhidas com carinho e atenção.

De dentro, o espaço físico pode ser desde uma sombra ao pé da árvore até uma construção rica e suntuosa. O importante é revelar o fim a que se propõe. Um espaço limpo, organizado, tudo no seu devido “caixotinho” nem sempre quer dizer que ali nosso publico é bem-vindo. Ser acolhido por dentro é perceber que cada detalhe foi pensado para mim e por mim.

O grande educador Seymour Papert, em um de seus textos afirma “Se o espaço físico for suntuoso, mas o corpo docente despreparado e negligente, não será possível ensinar a língua sem ensinar, primeiro, a importância das atitudes”. O que interessa não é a suntuosidade do espaço físico, mas a mensagem que ele passa reforçada pelas atitudes de quem está do lado de dentro da Organização.

Gandini diz que: “o espaço reflete a cultura das pessoas que nele vivem de muitas formas e, em um exame cuidadoso, revela até mesmo as camadas distintas dessa influência cultural”. Ao encontrar um ambiente construído para eles e por eles, a criança e o adolescente vivenciam emoções que ajudam a expressar suas maneiras de pensar e se relacionar com o mundo.

Em uma Organização Social que atende crianças e adolescentes, os dias devem ter cara de amanhecer e de convite para promover: identidade pessoal, desenvolvimento de competência, oportunidades para crescimento, sensação de segurança e confiança, bem como um ambiente para contato social e privacidade.

De fora, o que importa é como anunciamos nossa Organização. A comunicação do que temos e fazemos deve ser explícita e revelar nossa “cara”, começando pelo logotipo, que é a imagem que nos representa, nossa assinatura. Todo material de comunicação deve ter o cuidado de mostrar em cada detalhe os valores e propósitos da Organização.

É muito bom quando ouvimos que nossa Organização foi lembrada diante de um texto inspirador, de um lugar acolhedor, de um projeto de transformação. Quer dizer que estamos no caminho certo da construção da nossa identidade.

Janice Salomão de Andrade
Conviver Saber Social

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